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Hino órfico a Perséfone

Sobre o hino

O hino órfico a Perséfone faz parte de um compêndio de 87 hinos compostos no século 1-3 D.E.C. O local de composição teria sido na Ásia Menor, pois os nomes das divindades invocadas foram encontradas no santuário de Deméter em Pérgamo. Os hinos órficos possuem estrutura de invocação, tendo sido utilizados para comungar com as divindades e receber delas favores espirituais. Os fragmentos encontrados são atribuídos a figura de Orfeu, não somente o poeta mítico, mas o possível líder espiritual e filósofo responsável por impulsionar o movimento que hoje reúne as crenças cosmogônicas que conhecemos como orfismo, doutrina fundamentada na adoração ao deus Dioniso e suas reencarnações, bem como a Perséfone como adorada mãe do deus, aquela que lhe concedeu sua primeira reencarnação como Zagreus. Perséfone era uma das principais deusas honradas no orfismo, sendo esse um “movimento” que nos deixou o seu hino órfico ( fragmento 29) no qual podemos sentir como o poder da deusa era percebido e aclamado entre os sacerdotes órficos.

Como entoar o Hino a Perséfone?

É interessante que você pronuncie as palavras com imponência e como se estivesse cantando-as para a deusa. Não entoe o hino friamente, mas expresse seu amor e afeto por Perséfone como se fosse o poeta Orfeu cantando para a deusa.

Em quais situações eu posso usar o hino a Perséfone?

Você pode utilizá-lo para consagrar algum objeto para a deusa ou entregar-lhe alguma oferenda específica, pode recitá-lo em rituais de invocação e também em feitiços onde deseja recorrer à força de Perséfone.

Precauções

O hino órfico a Perséfone pertence a um conjunto de crenças religiosas diretamente ligadas ao reino dos mortos, as palavras que você invoca hoje foram traduzidas, mas pertencem a um espírito poeta que canalizou a deusa, tendo esse hino sendo recitado infinitas vezes na Grécia antiga; sendo assim entenda que utilizar um hino é um tipo de prática necromante diretamente ligada a ancestralidade helênica. Em rituais e feitiços, ou mesmo consagrações de objetos, você pode entrar em estado de transe tendo vislumbres de memórias do culto ancestral a deusa, em contatos mais intensos pode receber a visita de espíritos que já pertenceram ao culto órfico ou eram responsáveis por proteger estas escrituras. Por isso, faça a entoação com respeito e purifique-se com água consagrada antes e depois da prática.

Hino Órfico a Perséfone (29)

Perséfone, filha do grande Zeus, vem, ditosa
Deusa unigênita, aceita as graciosas oferendas;
Honrada esposa de Plutão, zelosa, outorgadora de vida,
Tu que guardas os portões de Hades nas profundezas da terra,
Praxídice, de tranças encantadoras, pura cria de Deo,
Progenitora das Eumênides, soberana do subterrâneo,
Tu, jovem, que Zeus gerou em inenarrável concepção,
Mãe do ruidoso e multiforme Eubuleu,
Companheira de jogos das Estações, iluminadora, de forma brilhante,
Venerável, dominadora, jovem sobejando com frutos,
Refulgente, cornada, única desejada pelos mortais,
Primaveril, alegrando-te com as brisas dos prados,
Desabrochando sagrado corpo entre frutíferos brotos,
Desposada e arrebatada em leito outonal,
Única vida e morte aos atribulados mortais;
Perséfone, pois fazes sempre tudo persistir e fenecer.
Ouve, ditosa deusa, e envia frutos da terra,
Viceja com paz e uma saúde generosa
E uma vida próspera que traga uma velhice tranquila
À tua região, senhora, e do vigoroso Plutão.

Tradução de Pedro Barbieri Antunes (Dr. em letras clássicas – grego)

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